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Maneco e a Vila Socó

O depoimento a seguir é inédito e foi gravado em 2017. Quando se fala de Cubatão, uma das referências obrigatórias sempre foi Manuel Alves Fernandes, responsável pela sucursal do jornal A Tribuna na cidade por mais de 40 anos e um dos maiores jornalistas de nosso tempo.

Maneco relembrou nesse dia, há sete anos, com todos os detalhes possíveis, a maior tragédia da história de Cubatão e uma das maiores de todos os tempos no Brasil. Em 24 de fevereiro de 1984 a Vila Socó era reduzida a cinzas pela sanha do progresso.

Em depoimento a mim e aos colegas Eduardo Brandão e Leandro Frota, Maneco abriu o coração e contou lembranças sofridas, horríveis, dilacerantes. Foram mais de duas horas de conversa.

Esse trecho de oito minutos resume o que foi aquela manhã de gravação que marcou nossas vidas. Imagens da tragédia não são necessárias para ilustrar o relato de Maneco. Seu talento único e incomparável de escolher as palavras certas para situações indescritíveis nos levou ao dia daquela catástrofe com a clareza de uma filmagem em alta definição. Não é um vídeo fácil de assistir. Mas é necessário.

Esse material, mais algumas entrevistas, fariam parte de um documentário que estávamos produzindo sobre a Vila Socó. Circunstâncias da vida interromperam esse projeto, por enquanto. Maneco nos deixou um ano depois dessa gravação. Mas é nosso dever manter viva a memória das vítimas do incêndio, assim como o legado desse mestre do jornalismo.

Que essa tragédia nunca mais se repita. E que se faça justiça. Quatro décadas depois, ainda temos essa dívida com a Vila Socó.